Mulheres em movimento
- GRUPO RALLY MOTOS - ADM
- 8 de jun. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 25 de jun. de 2020
A Rainha das Motos de Miami
A infância difícil de Bessie Stringfield não a impediu de se tornar uma lenda do motociclismo. Começou sua paixão por motos quando aprendeu a pilotar sozinha a moto emprestada do seu vizinho, o que de início não agradou muito sua mãe adotiva. Mas ao ver o entusiasmo da menina, resolveu presenteá-la com uma moto Indian Scout 1928.
Tornou-se uma líder no motociclismo por fazer oito viagens sozinha de longa distância pelos Estados Unidos, superou obstáculos e contrariou regras de uma sociedade que a julgava tanto por ser mulher quanto pela cor da sua pele.
Ela conta no livro de An Ferrar, Hear me Roar: Women, Motorcycles and the Rapture of The Road, que durante as viagens, "Se você tivesse pele negra, não conseguiria um lugar para ficar. Eu sabia que o Senhor cuidaria de mim e ele cuidou. Se eu encontrasse pessoas negras, ficaria com eles. Se não, eu dormia em postos de gasolina na minha moto."

Durante a Segunda Guerra Mundial, trabalhou como mensageira civil do exército pilotando sua Harley-Davidson Knucklehead 1936, para isso precisou executar difíceis manobras durante o treinamento para provar que tinha habilidades para andar em estradas irregulares.
Anos depois tornou-se enfermeira e fundou o Iron Horse Motorcycle Club. Venceu uma corrida de pista plana, mas seu prêmio foi negado quando tirou o capacete e os oficiais da corrida perceberam que era uma mulher. Ela participou de muitas corridas e shows de exibição, sendo apelidada de “Rainha das Motos de Miami”.
Bessie foi a primeira mulher negra a ser nomeada para o Motorcycle Hall of Fame, da Associação de Motociclistas dos EUA, organização que criou o Prêmio Bessie Stringfield para premiar pessoas que contribuem com o motociclismo. A motociclista faleceu em 1993.
Motor Maids
As primeiras motocicletas começaram a circular pelas ruas por volta de 1894. Porém, as mulheres só passaram a pilotar suas motos após a conquista do seu espaço no meio econômico e social. Em 1940, Dot Robinson - motociclista famosa por quebrar recordes e primeira mulher a vencer uma competição nacional – reuniu-se com a inglesa Linda Dugeau e mais 51 mulheres, e fundaram a Motor Maids, o grupo de motociclistas mais longeva a ser registrado, de acordo com a American Motorcyclist Association Club. O clube Motor Maids trazia como lema a classe e a elegância, sendo difundido até hoje pelas 1200 integrantes nos Estados Unidos.
A Motor Maids é a primeira organização feminina de motociclismo do mundo e a mais longeva associação de motociclismo feminino.

Dot Robinson e Linda Dugeau foram as primeiras mulheres a formar um Clube de Motociclistas nos EUA. Foto: Divulgação
Provavelmente se existissem os capacetes PRO MAXI naquela época, além de elegantes também estariam seguras, não é mesmo?
As mulheres motociclistas estão em todos os lugares do mundo e no Brasil temos exemplos fascinantes. A brasileira Verônica Loureiro foi uma das mulheres pioneiras a competir no motociclismo nacional, participou das primeiras provas quando tinha 24 anos. Foi uma época desafiadora para a motociclista, pois em 1984 quando começou, mulheres eram praticamente inexistentes nas competições.

Participava de competições de predominância masculina, onde era discriminada por uns, mas ao mesmo tempo era reconhecida por outros. Alguns dos pilotos, quando eram ultrapassados por ela, paravam para ver se havia algo de errado com suas motos.
A piloto espanhola de 26 anos Elena Rosell é atualmente a mulher que mais longe chegou em uma competição e já ocupa seu espaço entre os melhores motociclistas do mundo. Filha de um eletricista apaixonado por motociclismo, ela fez disso seu estilo de vida e profissão. No ano de 2012 disputou o Mundial de Motovelocidade na categoria Moto2, a mais disputada entre as categorias da atualidade.
Ela reconhece que apesar de muita gente não confiar no seu potencial tem aqueles que enxergam o fato de ser mulher como uma excelente oportunidade e isso compensa muito na hora de fazer o que ama. Pesquisadora: Victória Queiroz
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